donseluz sensitiva mediunidade

Sensitiva?

Ela me perguntou com voz doce: “Você é sensitiva?” Fiz uma pausa, pensei, e disse: “Sou, mas não é que eu vejo, tudo ou que isso sempre acontece, eu não tenho controle.” Ela disse “entendo”, e deu uma risada sonora. A consulta fluiu e , em vários momentos, ela confirmou as afirmações que saíam da minha boca sem que eu soubesse de fato do que estava falando. A capacidade intuitiva no ser humano usada nas consultas de tarô produz uma qualidade de conhecimento e experiência diferente de quando usamos mais nossa razão para falar ou pensar.

Segundo Chico Xavier, “o telefone só toca de lá para cá”, e ,segundo relatos, a experiência de contato com o espiritual, a vidência ou clarividência, e outras capacidades humanas não são passíveis de controle.
Assim, numa pesquisa que fiz sobre o assunto para escrever esse texto, encontrei um texto de um colega tarólogo que dizia não ser vidente, a afirmação de que se uma pessoa que fosse sofrer um acidente de avião fizesse uma consulta com um tarólogo vidente, essa pessoa não sofreria esse acidente. Na experiência prática, essa idéia do meu colega não se aplica. Já na Mitologia grega, os mitos nos alertam. As Moiras, deusas do destino, aquelas que cobram nosso “carma”, cegam as videntes e as cartomantes para que o “destino” se cumpra.

No tarô, as cartas que representam o contato mediúnico do homem são: O Mago (arcano 1); A Papisa (arcano 2); O Papa (arcano 5); A Temperança (arcano 14); A Estrela (arcano 17); O Sol (arcano 19); o Julgamento (arcano 20).

“Todo aquele que sente , num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui um privilégio exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuam alguns rudimentos. Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos, médiuns. Todavia, usualmente, assim só se qualificam aqueles em quem a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que então depende de uma energia mais ou menos sensitiva. É de notar-se, além disso, que essa faculdade não se revela, da mesma maneira, em todos. Geralmente, os médiuns têm uma aptidão especial para os fenômenos desta, ou daquela ordem, donde resulta que formam tantas variedades, quanto são as espécies de manifestações. As principais são: a dos médiuns de efeitos físicos; a dos médiuns sensitivos ou impressionáveis; a dos audientes; a dos videntes; a dos sonambúlicos; a dos curadores; a dos pneumatógrafos; a dos escreventes, ou psicógrafos.” (pgs 211-212, “O LIVRO DOS MÉDIUNS”, ALLAN KARDEC).

A vidência ou clarividência vem da alma e não dos olhos do corpo, mas como uma experiência da alma invade o corpo. Com isso, as várias alterações físicas que os médiuns experimentam têm conexões com o que a alma experimenta nesse contato.
O tarô pode ser explicado através do fenômeno da sincronicidade, como Jung o definiu. ” Sincronicidade- Termo criado por Jung, que exprime uma coincidência significativa ou uma correspondência: a) entre um acontecimento psíquico e um acontecimento físico não ligados por uma relação causal. Tais fenômenos de sincronicidade aparecem, por exemplo, quando fenômenos interiores (sonhos, visões, premonições) parecem ter uma correspondência na realidade exterior: a imagem interior ou a premonição mostrou-se “verdadeira”; b) entre sonhos, idéias análogas que ocorrem em lugares diferentes, sem que a causalidade possa explicar umas e outras manisfestações. Ambas parecem ter relação com processos arquetípicos do inconsciente.” (pg.358, “MEMÓRIAS, SONHOS E REFLEXÕES”, C.G. JUNG, Editora Nova Fronteira).

O tarô não precisa da vidência ou clarividência. Tampouco a vidência ou clarividência precisa do tarô.

Mas como tanto o fenômeno da vidência ou clarividência, como o fenômeno do tarô, falam desse espaço mágico, da espiritualidade humana, muitas vezes os dois fenômenos acontecem juntos. Os dois fenômenos provocam em nós reflexões sobre a fé. Como Santa Teresa, temos que saber a qualidade, o sentido,a vocação por trás das mensagens.

” A fé, como dom sobrenatural, não é a mesma coisa que a confiança natural, racional e moralmente fundada que se tem em alguma autoridade. A confiança no médico, no juiz ou no sacerdote é natural. É racional, com efeito, e de acordo com a justiça humana, reconhecer a autoridade dos peritos experimentados e, com isso, pôr neles alguma confiança. Santa Teresa tinha inteira confiança em seus confessores, que, não obstante, tinham-se enganado numa questão tão grave como a fonte de suas experiências místicas, gnósticas e mágicas: Deus ou o demônio. Mas, no conflito entre a fé sobrenatural e a confiança natural, surgido quando seus confessores e os teólogos consultados declararam que suas experiências espirituais provinham do demônio, foi a fé que prevaleceu. Era um conflito entre a ação divina imediata e autêntica sobre a vontade e, do outro lado, a confiança do pensamento e do sentimento humanos numa autoridade que era fonte de segunda mão. A revelação divina autêntica não só prevaleceu como também levou confessores e teólogos a reconhecerem a sua autenticidade.” (pg.321, “MEDITAÇÕES SOBRE OS 22 ARCANOS MAIORES DO TARÔ”, por autor que quis manter-se no anonimato, Edições Paulinas).

Possa sempre o tarô ser um instrumento de fé para nós!

Escrito por Taróloga Denise Fernandes Silva para www.donseluz.com.br
* Permitida a reprodução, desde que citada a fonte. Os conteúdos e opiniões expressos
nesta obra são de responsabilidade de seus autores.

 

Veja como se consultar          Leia mais

Share this post

Posso ajudar?